Ao longo de nossas vidas, passamos por diversos processos de aprendizagem que começam quando ainda somos bebês e se estendem até virarmos adultos.
Isso porque aprender é algo fundamental na vida das pessoas, independentemente da formação escolar ou profissional.
Constantemente, estamos em busca de novos conhecimentos, que chegam até mesmo quando não esperamos.
A aprendizagem é um processo que envolve muito mais do que competências, comportamentos e habilidades.
Ela engloba os valores e experiências que adquirimos ao longo da vida e agrupa fatores cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais.
Por isso, entender como se dá o processo de aprendizagem e conhecer suas diferentes teorias pode ajudar a compreender melhor como absorvemos conhecimento.
Essa compreensão pode ainda ser uma importante ferramenta para ajudar a potencializar a capacidade de aprendizagem de equipes e aumentar a motivação das pessoas.
Ficou interessado em conhecer mais sobre o assunto?
Então, continue lendo. Neste artigo, vamos falar sobre o que é aprendizagem, algumas das principais teorias e os elementos que influenciam esse processo.
Boa leitura!
Qual é o conceito de aprendizagem?
Aprendizagem é o processo de aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes. Um fenômeno ou método diretamente relacionado com o ato ou efeito de aprender.
Ela pode ocorrer por meio do estudo, do ensino, do exemplo ou da experiência, por meio do estabelecimento de ligações entre estímulos e respostas equivalentes.
Tudo isso busca ajudar na adaptação de um indivíduo ao ambiente em que ele está inserido.
Ele pode ser analisado a partir de diversas perspectivas, tanto que existem variadas teorias e processos de aprendizagem.
A aprendizagem é tida como uma das funções mentais mais importantes tanto de humanos quanto de animais e, atualmente, já é aplicada em sistemas artificiais.
Estritamente relacionada à educação e ao desenvolvimento pessoal, o seu estudo utiliza conhecimentos de áreas como pedagogia, neuropsicologia, educação e psicologia.
Ela é um processo contínuo, pois as pessoas estão a todo momento assimilando novos conhecimentos e informações – seja de modo formal ou informal.
Como funciona o processo de aprendizagem?

Existem diversos modelos de processos de aprendizagem, mas a base de todos eles é que a aprendizagem compreende três tipos principais de domínio: psicomotor, cognitivo e afetivo.
Nesse sentido, segundo a neuropsicologia, o processo de aprendizagem funciona da seguinte forma: a primeira reação em nosso cérebro, quando começamos a aprender algo, é uma sensação. Ela pode ser pelo tato, audição, visão, paladar ou olfato.
Em seguida, começamos a perceber de forma mais consciente as sensações que sentimos na primeira etapa.
O próximo passo é formar imagens em nossa mente, tendo como base a nossa percepção e o que associamos àquela sensação que tivemos.
Finalmente, ocorre a simbolização – a associação da sensação à imagem – e, em seguida, a conceituação.
Mas, existem outros modelos, como o da memória de curto e longo prazo, no qual aquela informação que é realmente útil é passada para a memória de curto prazo – e para a de longo somente após utilizada repetidamente.
Já a pedagogia estabelece outros tipos de aprendizagem, como a receptiva, na qual o sujeito compreende o conteúdo aprendido e o reproduz, sem desvendar algo novo.
Existe também a aprendizagem por descoberta, que diz que os conteúdos devem ser reordenados para se adaptar ao sistema cognitivo de cada indivíduo.
Há ainda a aprendizagem repetitiva, que é produzida quando os conteúdos são memorizados sem que sejam compreendidos ou relacionados com conhecimentos prévios.
E, finalmente, a aprendizagem significativa, que ocorre sempre que a pessoa relaciona seus conhecimentos prévios com os novos, dando a eles coerência à estrutura cognitiva.
Ou seja, o processo de aprendizagem pode ser diferente para cada indivíduo, dependendo dos seus conhecimentos, do ambiente e outros fatores que influenciam esse sistema.
Processo de Aprendizagem: Piaget
Um dos mais conhecidos processos de aprendizagem é o do biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço Jean Piaget.
Em seus estudos, o pesquisador sempre acreditou que o principal objetivo da inteligência é auxiliar as pessoas a se ambientarem ao lugar onde vivem.
Além disso, para Piaget, o desenvolvimento cognitivo do ser humano está diretamente relacionado ao acompanhamento das respostas mais elaboradas.
E é a partir daí que o homem começa a ter insights, entender e encontrar formas de se adaptar ao seu novo universo.
Ou seja, segundo ele, as formas de adaptação das pessoas têm relação direta com suas atitudes, com seus hábitos e reflexos.
O pesquisador acredita que, via conhecimento e maturidade, a pessoa começa a ter manifestações diferenciadas, que fogem do senso comum. E, assim, elas se tornam únicas.
A partir daí, Piaget começou a estudar como o conhecimento se desenvolve e concluiu que o crescimento intelectual do ser humano acontece em etapas.
Tudo começa na infância, quando a criança inicia uma busca pelo equilíbrio entre aquilo que ela descobre no ambiente em que vive e a sua capacidade cognitiva.
Com isso, as estruturas mentais e o modo de pensar são utilizados para que se possa encarar e também moldar-se de acordo com as dificuldades que aparecerem.
Por isso, Piaget dividiu o aprimoramento da aprendizagem em quatro estágios da vida de uma criança. Todos eles tendo como principais responsáveis a assimilação e a acomodação.
A seguir, vamos explicar um pouco mais sobre cada um. Confira!
1. Estágio sensório-motor
O primeiro estágio dura do nascimento até os 2 anos de idade.
Ele representa o período no qual a criança não possui autonomia, nem planos traçados e mais depende dos pais.
O que ocorre nesse momento é a evolução dos reflexos para ações prazerosas.
É quando a criança começa a utilizar a linguagem e conquista a percepção de si e do mundo ao seu redor.
Nessa fase, os bebês usam a pré-lógica para ordenar objetos do maior para o menor, colocar uns sobre os outros ou, então, encaixando peças iguais ao desenho dos orifícios de brinquedos.
Para a criança, cada novo encontro representa uma novidade e uma enorme felicidade.
2. Estágio pré-operatório
Dos 2 ao 7 anos, esse estágio representa a conquista da linguagem e a construção do mundo por meio de símbolos.
Nele, o imediatismo do período sensório-motor começa a dar lugar à necessidade da criança em se adequar ao meio em que vive.
O ego fala mais alto, e tudo gira em torno da criança.
É quando ela começa a exteriorizar palavras e tudo o que assimilou no passado.
Surge também o animismo – em que sentimentos pessoais são transmitidos para animais ou objetos inanimados.
3. Estágio operatório-concreto
Entre os 7 e os 12 anos, a criança começa a desenvolver um conhecimento que a leva a se relacionar com pessoas mais velhas.
Nesta fase, ela também deixa de achar que é o centro do mundo.
É quando se percebe que existem emoções, opiniões e carências que não são as suas e que, até mesmo, são diferentes.
Essa etapa é marcada pela presença da reversibilidade de ações mentais.
A criança inicia uma lógica em seus processos mentais e, assim, discrimina objetos por diferenças ou similaridades.
Também é nesse momento que ela passa a sentir as primeiras noções de tolerância e a utilizar a abstração empírica para construir a abstração reflexiva.
4. Estágio operatório-formal
A partir dos 12 anos, o cognitivo da criança começa a avançar para a vida adulta.
É nesse momento que o desenvolvimento da inteligência do indivíduo dá o maior salto.
Surge o pensamento lógico e dedutivo.
O adolescente começa a realizar operações mentais que envolvem abstrações e a construção de hipóteses.
Além disso, os hormônios começam a agir, e o corpo passa por mudanças, o que acaba afetando o comportamento.
Ou seja, sentimentos como revolta, incerteza e até os clichês idealistas surgem e passam a ser bastante reais para eles.
Processo de Aprendizagem: Programação Neurolinguística

A Programação Neurolinguística, também conhecida como PNL, é uma abordagem de comunicação, psicoterapia e desenvolvimento pessoal.
Ela foi criada na década de 1970 por Richard Bandler, que era estudante de Sistemas e Matemática, e John Grinder, estudante de Psicologia e Linguística.
No processo de aprendizagem, surge como uma ferramenta que tem o objetivo de desenvolver os níveis de aprendizagem pelo autoconhecimento.
Ou seja, busca estudar a experiência subjetiva de cada um: como pensamos, representamos aquilo que vivemos, a estrutura e os padrões do nosso comportamento, linguagem e a forma como nos relacionamos.
Portanto, ela avalia todas as estratégias e atitudes que envolvem nossos comportamentos do ponto de vista físico, intelectual e emocional.
Tenta entender como o nosso cérebro funciona diante das situações mais rotineiras e cotidianas: o nosso dia a dia.
Para isso, a PNL dividiu o processo de aprendizagem em quatro etapas. Veja a seguir quais são elas.
1. Incompetência inconsciente
É o estágio inicial, quando a pessoa não tem o conhecimento do que não sabe. Ou seja, ela vive a “alegria ignorante” por não saber.
Nessa fase, não temos consciência de que não possuímos habilidade para executar tal função ou realizar uma certa atividade. É tudo muito novo.
A criança recém-nascida, por exemplo, não sabe que precisa andar.
Ela está satisfeita em não saber disso, em não ter conhecimento de que necessitará dessa habilidade na maior parte da vida.
Mas, à medida que o tempo passa, ela começa a perceber que todos ao seu redor andam. É nesse momento que ela passa para o estágio seguinte.
2. Incompetência consciente
No segundo estágio, a pessoa toma conhecimento de que não tem habilidade para certas funções ou atividades.
É, então, que ela desenvolve a curiosidade e a vontade de aprender, de entender como funciona, como a ação é realizada e de quais recursos ela precisa para isso.
Ou seja, a criança percebe que as pessoas ao seu redor andam e, a partir daí, quer imitá-las.
Ela busca praticar essa habilidade e encontrar maneiras de progredir e realizar tal atividade, como forçar o corpo a ficar em pé e tentar se equilibrar.
Quando isso ocorre, a criança atinge o terceiro estágio de aprendizagem.
3. Competência consciente
Nesta etapa, conscientemente, o indivíduo sabe que sabe. Passa a ter mais confiança, entende que progrediu no seu conhecimento e que, após tanto praticar, a atividade se desenvolve de maneira automática.
Portanto, a criança compreende que sabe andar e, por isso, coloca toda a sua atenção na execução dessa tarefa.
Ela conclui que precisa equilibrar o peso, colocar uma perna na frente da outra, olhar para o caminho que está percorrendo. Além disso, ela necessita avaliar se existem obstáculos – e que um deslize pode fazer com que ela caia.
Após muita repetição, a atividade se torna espontânea e até mesmo prazerosa. A criança já não precisa mais realizar todo o processo pensando nele.
É aí que ela passa para a fase seguinte e final.
4. Competência inconsciente
A última fase do processo de aprendizagem é o ponto mais alto, pois já se executa as atividades de maneira mais automática.
Para chegar até aqui, o indivíduo repetiu ações exaustivamente e superou dificuldades.
Ou seja, errar e falhar faz parte da aprendizagem, e a prática é algo fundamental para que se consiga passar pelas etapas e atingir seus objetivos.
Nela, a criança já anda naturalmente, é algo inconsciente, que ela faz sem perceber.
Então, podemos dizer que esse estágio é o que gera maior prazer, já que tudo ocorre de forma tranquila e normal.
É como se a criança já tivesse nascido pronta para executar a ação.
Processo de Aprendizagem: Victor Hugo Ferreira Jr
O consultor de empresas, professor e palestrante Victor Hugo Ferreira Júnior elaborou uma teoria na qual defende que existem cinco etapas no processo de aprendizagem.
Segundo ele, é essencial passar por todas elas quando você começa a estudar algo novo ou um determinado assunto.
Ou, ao menos, chegar ao terceiro passo. Isso porque, antes dele, o conhecimento não é assimilado.
Conheça quais são as cinco etapas:
1. Compreender
O momento inicial é quando se tem o primeiro contato com o conhecimento, seja ele um curso, uma faculdade, uma nova modalidade de aprendizagem.
O indivíduo entende que algo é importante, mas esse é apenas o primeiro passo, pois somente entender não significa que aprendeu.
Isso porque, muitas vezes, a informação pode ter sido compreendida, mas é rapidamente esquecida se você não continuar pelas próximas etapas.
2. Reter
A retenção acontece quando a informação é mantida na cabeça da pessoa. É a partir daí que o conteúdo ou ensinamento recebido começa a se tornar algo realmente útil.
O conhecimento foi adquirido, mas não foi utilizado ainda. Por esse motivo, ele não tem tanto valor.
3. Praticar
É nessa etapa que o conhecimento vai realmente se solidificando, pois passa a ser utilizado.
Uma informação sem uso não tem valor, então, a partir do momento em que você a coloca em prática, ela começa a gerar resultados. Com isso, passa a evoluir.
Para tanto, isso envolve mudar hábitos antigos e sair da zona de conforto, o que gera motivação e cobrança.
Dessa forma, o seu conhecimento ganha valor real e passa a trazer benefícios.
4. Disseminar
Agora que você já adquiriu o conhecimento e trouxe real valor para ele, é a hora de transmitir o que foi assimilado e ajudar outros na retenção dessas informações.
É uma forma de permitir que mais pessoas se beneficiem com o seu conhecimento, o que pode ajudá-lo a fixar ainda mais o seu aprendizado.
5. Criar
A última etapa, tida como o pico do processo de aprendizado, é o momento em que você começa a gerar novos conhecimentos a partir daqueles que adquiriu.
Fatores influenciadores no processo de aprendizagem

Já vimos que a aprendizagem faz parte de uma interação complexa e contínua entre o indivíduo e o ambiente em que ele está inserido.
Mas todo o processo de aprendizagem pode ser influenciado por diversos fatores.
Destacamos alguns dos principais abaixo. Confira!
- Motivação: quando existe interesse pelo assunto, o aprendizado é melhor. A pessoa motivada tem uma atitude mais ativa e empenhada durante a aprendizagem. Consequentemente, absorve melhor o conhecimento.
- Conhecimentos anteriores: aprendizagens prévias podem condicionar as novas. Um conhecimento só se concretiza quando ele se relaciona com os saberes que a pessoa já possui.
- Quantidade de informação: a possibilidade de aprender novas informações é limitada. Por isso, ao mesmo tempo, não há a assimilação de grande quantidade de conhecimento.
- Diversidade das atividades: variar a abordagem de um tema traz mais motivação e melhora a concentração. Consequentemente, melhora também a aprendizagem.
- Planificação e organização: definir objetivos, selecionar estratégias, planificar, organizar o trabalho por etapas e avaliar o resultado ajuda a promover um maior controle do processo de aprendizagem.
- Cooperação: a aprendizagem torna-se mais eficaz quando trabalha-se em equipe, com interação e ajuda mútua, principalmente na resolução de problemas complexos.
- Família: o ambiente familiar e cultural traz para o indivíduo conhecimentos que foram adquiridos por meio dos pais, herança de costumes e relações afetivas.
Conclusão
Neste artigo, você pôde conhecer um pouco mais sobre o que é o processo de aprendizagem, algumas de suas principais teorias e os fatores que o afetam.
Com isso, foi possível perceber que são muitas as variáveis e os modelos com os quais uma pessoa adquire conhecimento, o transforma e absorve.
Mas, mais do que isso, que a prática é uma etapa essencial nesse processo.
Ou seja, é importante que a pessoa participe ativamente do processo de aprendizagem para que seja realmente adquirido e se transforme em algo de valor não apenas para ele, mas para quem está ao seu redor.
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